Todo mundo me dizia que era a grande experiência da vida – “dà trabalho, mas é muito bom”. Eu não imaginava que o trabalho seria tão cansativo e nem que o bom seria tão maravilhoso.
Foi aí que entendi com as minhas próprias células o clássico popular “ser mãe é padecer no paraíso”…
Entendi também que na portaria deste paraíso, cada mãe recebe um “kit completo”, contendo, entre outras coisinhas mais, um coração maior que o mundo, cinco sentidos super apurados, uma plaquinha de “(pre) ocupada” na mente e, lá no fundo da sacola, um novo corpo – com os ombros caídos, peito fechado e a coluna torta…
Tirar um tempinho para praticar yoga neste momento me ajudou a reorganizar não só o meu corpo, mas também as minhas emoções. O yoga pós-parto é uma excelente ferramenta para reajustar os órgãos internos, corrigir a postura dos ombros, combater as dores lombares. O yoga evita a depressão pós-parto e revitaliza a mente da fadiga das noites mal dormidas. Mas principalmente, a prática é o momento em que a mulher pode estar em pleno contato consigo mesma, se reenergizando para poder doar-se mais inteira para este serzinho completamente dependente.
Todos os benefícios do yoga e a sabedoria desta prática milenar, são um suporte no processo de ser mãe, que consiste também em desenvolver uma crescente força de auto-superação. O dia-a-dia desta nova aventura traz um cansaço extremo, falta de paciência e uma vontade louca de pegar um foguete e passar pelo menos um fim de semana em Marte. Nesta mistura de sentimentos, nos desconstruímos em todos os níveis do ser. E é justamente na fragilidade da nossa condição humana, que a coisa se torna tão bela, quando o amor revela todo o seu poder de alquimia.
Sri Aurobindo, um mestre indiano, diz que toda a vida é Yoga. Acho que acompanhar o desenvolvimento de um bebê, que tem as portas do céu completamente abertas, torna o Yoga da vida ainda mais especial. Porque um filho é um pequeno mestre que nos ensina todas as lições de que necessitamos aprender. Gael me ensina a simplesmente não fazer nada, brincar por brincar. Abrir o embrulho de presente que é estar no PRESENTE. Ele me mostra o encantamento que existe nas pequenas coisas. A magia oculta do dia-a-dia. Toda descoberta, em seus olhinhos, se torna uma grande aventura. Um espirro é motivo de gargalhada, abrir a gaveta da cozinha é sempre uma surpresa. Com ele aprendo um pouco, todos os dias, por toda a vida.